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Archive for 5 de novembro de 2009

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Lucas Santos Lima e Diego de Sousa

Na segunda-feira, 2 de novembro, ocorreu a Mesa Portugal Telecom: uma radiografia de nosso mundo, com nomes reconhecidos como Gonçalo Tavares e Teixeira Coelho. Este último é mestre em Ciências da Comunicação e doutor em Teoria Literária. Entre suas obras destacam-se Moderno Pós Moderno, Guerras Culturais e História Natural da Ditadura, livro que ganhou o prêmio Portugal Telecom na categoria de melhor livro de literatura ficcional.

Gonçalo Tavares é um escritor da literatura portuguesa atual que, tendo nascido em Luanda, logo cedo vai para Portugal. Com uma estreia de sucesso em 2001 com a obra Livro da Dança nos anos seguintes publica várias obras. Ganhou o prêmio Portugal Telecom em 2007 e elogios de José Saramago devido a obra Jerusalém.

Como mediador da mesa figurou Claudiney Ferreira, jornalista e gerente das áreas de Literaturas e Mídia do Itaú Cultural, que durante a década de 90 foi representante da BBC de Londres no Brasil, trabalhou na revista Exame, na TV Cultura de São Paulo, Fundação Roberto Marinho, entre outros. Claudiney Ferreira já estava no recinto, pois antes da mesa havia apresentado o Projeto Conexões.

A mesa começa com o questionamento principal sobre a radiografia do mundo através das obras dos autores presentes, partindo do comentário de Teixeira Coelho afirmando que sua obra não demonstra intrinsecamente a realidade e sim é uma espécie de reflexo desta, acenando a possibilidade de ser assim com o gênero literário em geral. Em resposta a pergunta principal Tavares comenta que o que é realmente necessário, seria talvez uma radiografia da mente humana.

GONÇALO

Em seguida, Teixeira Coelho comenta sobre a política em sua obra,para responder a questão proposta por Claudiney Ferreira, afirmando que estudou em uma universidade em tempos de ditadura num clima em que todos necessitavam de um posicionamento político, claramente refletido em sua obra.

Relembrando a frase dita pelo mediador no princípio da mesa, que a boa literatura incomoda por isso a mesa iria incomodar, Tavares comenta sobre o caráter um tanto quanto ceticista e pessimista de sua obra, e destaca a importância de tais características para tirar o leitor de uma certa letargia.

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Eugene Francklin, Gabriel Salles e Marcela Servano

O fim da tarde de domingo contou com a mesa Fronteiras entre a ficção e o jornalismo. Por não haver mediadores, essa mesa tornou-se um debate de idéias entre os convidados. Participaram Cassiano Elek Machado, jornalista e editor de livros; João Gabriel de Lima, jornalista, escritor e editor da revista Bravo!; João Moreira Salles, documentarista e editor da revista Piauí e Arthur Dapieve, jornalista, colaborador de revistas como Bravo! e Piauí, e professor da PUC-RJ.

O debate rendeu várias observações sobre as vertentes do jornalismo e da literatura atualmente. De início houve a quebra da idéia de fronteira entre ficção e jornalismo, pois fronteiras separam os lugares específicos de cada um, e a ficção e a não-ficção invadem os espaços um do outro. Esses gêneros se influenciam o tempo todo, mas “quando você trabalha com os dois, na sua cabeça deve haver uma separação”, propõe João Gabriel de Lima.

Os entrevistados relatam que a relação entre jornalismo e literatura não é casual, que ela surge de novos contextos. Hoje o jornalismo sente mais a necessidade dessa relação com a literatura, pois as informações mais utilitárias, menos apuradas, imediatistas, que se utilizam de um lead esmagador, migraram para a internet. Tornando crescente a concorrência deste suporte com os jornais e revistas que se dedicam apenas a esse tipo de linguagem, e estão perdendo público.

Nesse novo contexto, houve o nascimento de revistas como a Bravo! e a Piauí, que se espelharam em modelos americanos como a New Yorker e a The Economist que apresentaram crescimento em suas vendas, pois possuem reportagens mais longas, matérias melhores apuradas e textos que respiram mais, trazendo maiores retorno e prestígio ao veículo. Essa não concorrência com o imediatismo da internet é o que vem buscando algumas revistas brasileiras, como afirma João Moreira Salles sobre a Piauí: “ A Piauí não tem a preocupação de falar do que está acontecendo agora. … A gente tem o direto de chegar depois”.

dapieve

Para delimitar o termo “jornalismo literário” os convidados dissecaram a dicotomia ficção e não-ficção. João Gabriel de Lima lembra que deve haver uma separação estrita entre tal dicotomia, e o diferencial do jornalismo literário seria promover um texto mais rebuscado, com exaustiva apuração, narrando os fatos através da construção de cenas, observando sempre os detalhes.

Já o jornalismo, com suas características factuais, usa as ferramentas da literatura visando textos mais detalhados, como lembra Arthur Dapieve: “O texto literalizado não é só apuração, mas observação”. Esses textos passam por um aprofundamento .

Por estarem se firmando no mercado, a Piauí e a Bravo! possuem uma tiragem baixa para os padrões das editoras. A revista Bravo! tem uma tiragem 30 mil exemplares, entretanto, ela foi a segunda mais premiada no Prêmio Abril, devido as suas matérias. Os editores relatam que revistas desse gênero perceberam que não adianta a instantaneidade das matérias, e seus repórteres saem às ruas e verificam os fatos com os próprios olhos, dispensando ao máximo telefones e e-mails, preferindo estar frente a frente com os entrevistados. Buscando não serem os primeiros, mas os melhores.

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Luiza Barufi e Natália Ambrósio

Com o tema A arte de entrevistar um escritor a segunda mesa de sábado do “Literatura em cena” trouxe para o debate Edney Silvestre e Leda Nagle, mediados por José Inácio Vieira de Melo. O mediador abre recitando um poema do escritor baiano, já entrevistado por Edney, Ruy Espinheira Filho. José Inácio lança a provocação sobre o porquê entrevistar um escritor é considerado uma arte, como visto no tema. Leda polemiza: “a arte de entrevistar é para todos, não só para se entrevistar um escritor”, e ainda comenta sobre o despreparo de muitos entrevistadores.

De maneira divertida e descontraída Leda compartilha muitas de suas experiências como entrevistadora com a platéia, e ao ser questionada confessa que sua melhor entrevista foi realizada com Carlos Drummond de Andrade. Já Edney conta sua experiência como correspondente internacional.

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Num bate-papo divertido ambos relembram e compartilham as melhores entrevistas já realizadas e as saias justas que já passaram. Dão dicas de como fazer uma boa entrevista e conseguir respostas das melhores maneiras e ainda o que trajar para ir a uma entrevista, seja como entrevistado ou como entrevistador. Leda afirma que se coloca no lugar do público para fazer as perguntas: “Eu acho que eu tenho que perguntar o que a pessoa que tá em casa quer perguntar”.

Os escritores encerram comentando a respeito de seus livros. Edney conta resumidamente o processo de produção de seu livro: “Comecei a escrever quando veio uma inspiração, continuei escrevendo nas horas de insônia e nos finais de semana livre”. Os livros foram autografados após o término do debate.

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Luiza Barufi e Natália Ambrósio

“O repórter tem que encontrar um lugar para fugir da padronização, e esse lugar é a literatura”, assim José Castello inicia o debate que tem como tema central A importância da Literatura na formação jornalística. A primeira mesa redonda do “Literatura em Cena”, que foi realizada no Teatro Municipal Casa da Ópera e mediada por Ângelo Oswaldo (Prefeito de Ouro Preto) e Miguel Conde, teve início na manhã do sábado, dia 31.

Castello inicia o debate falando sobre a importância da literatura na formação do ser humano. Ao ser questionado por Miguel Conde sobre o que ele encontra na literatura no papel de leitor, responde “a literatura é um reduto de liberdade; se a literatura é boa ela tem que te derrubar, mostrar sua potência e te puxar o tapete”. Conde, relembrando uma citação de Castello: “as leituras produzem mais uma deformação do que uma formação”, instiga o escritor a falar a respeito. Para ilustrar, Castello conta um pouco da sua experiência nas oficinas literárias em que atua, onde ele deixa claro que sua metodologia não é ensinar regras para escrever e sim quebrá-las, se distanciando dos clichês e dogmas.

Respondendo às provocações do mediador e questões da platéia, Castello fala sobre a doação de si mesmo exigida para se tornar um bom escritor, “você tem que saber conciliar sua vida de escritor com sua vida pessoal, se for realmente o que você quer você acaba encontrando maneiras”, argumenta citando poucos escritores que conseguiram se manter apenas com a vida de escritor,  sendo necessária essa conciliação já que a maioria dos escritores precisa de uma profissão secundária como meio de sustento.

Entre os presentes na platéia, a escritora Guiomar de Grammont levanta a questão de Castello não ter medo de colocar seu toque de pessoalidade em seus textos e livros e faz elogios a essa forma de trabalhar.  Ainda questionado pela platéia, o escritor fala sobre a perturbação que a literatura provoca: “A literatura te ajuda a pensar, mas não te dá respostas. Ela revira e te faz entender de outra maneira certas questões.”

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Abordando a literatura brasileira de modo geral, Castello encerra o bate papo dizendo que “não temos o que reclamar dos autores da poesia brasileira moderna e contemporânea” e ainda reforça que em nenhum outro país houve em tão pouco espaço de tempo um número tão grande de poetas brilhantes que fizeram história como no século XX.

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